agosto 22, 2011

Plateia II



Às vezes eu queria que houvesse uma maneira de existir sem me pesar. Ser e não doer. Ter sem pecar. Mas se nem mesmo acredito no pecado, não tenho culpa cristã.

Sou fragmentos do não-ser mal escolhidos. Meus impulsos podados resultam em um animal pequeno e amuado, que se esconde e se protege sem nem saber do quê.

Que essa solidão me dói é nítido: vê-se nos olhos caídos que o sorriso não disfarça, a lágrima recorrente que a maquiagem não segura. Percebe-se no meu discurso, essa tentativa falha de expressar com voz o que só sei dizer no papel. Não lido bem com plateias, preciso entender. Preciso aprender a me calar como forma de falar.

28 comentários:

  1. mesmo quando a boca cala, o corpo quer falar.

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  2. que dom fantástico, menina! você é fantástica! aqui é só mais uma admiradora dos teus textos,como sempre: belos

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  3. "Percebe-se no meu discurso, essa tentativa falha de expressar com voz o que só sei dizer no papel. (...) Preciso aprender a me calar como forma de falar."

    Eu sempre me identifico com alguma coisa nos seus textos. Geralmente, me identifico com eles por inteiro, na verdade. rs

    Beijos

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  4. Escrevo porque escravo; escrevo para nunca mais precisar escrever...

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  5. Muitas vezes, o sublime da alma fala mais que qualquer palavra. Belo texto. Au revoir :)

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  6. "Preciso aprender a me calar como forma de falar" Retrata meu momento. Adorei!

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  7. Não quero me tornar repetitiva, mas você é fantástica. Parabéns pelo dom, pelos textos, por essa sorte de se aproximar das pessoas e se tornar íntima mesmo que desconhecida.
    Adorei o texto e estou lendo o seu blog aos poucos.. como um delicioso livro que a gente nunca quer acabar de ler. :)
    Beijos

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  8. E cadê as palavras pra tentar descrever o que só tu consegues dizer? Elas não existem, porque não seriam suficientes!

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  9. essa tristeza é real, ou é a tristeza que os poetas sentem que os trazem inspirações pra escrever???

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  10. "(...) essa tentativa falha de expressar com voz o que só sei dizer no papel."
    Ótimo!

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  11. É no silêncio que a gente diz as melhores coisas.

    Um beijo Vê!

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  12. Soraia Braga26 agosto, 2011

    Anônimos comentam que alguma obra não é de sua autoria? Quem saberia em qual livro ou jornal Caio fernando de Abreu publicou Should I? A internet tá cheia de equívocos, não dá pra acreditar fielmente em tudo

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  13. Soraia Braga26 agosto, 2011

    Por acaso o anônimo a que você se referiu no twitter foi o anônimo acima que comentou L.?

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  14. Soraia Braga26 agosto, 2011

    Já vi seus textos espalhados por muitos blogs sem a devida autoria e logo abaixo comentários do tipo: "lindo texto, você escreve muito bem". Dá um estresse

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  15. Soraia: é, comentam. eu apaguei porque não preciso de nenhum comentário sobre minha vida sexual imaginada aqui e não entendo a relação entre possível plágio e a profissão de prostituta. coisa de criança.
    enfim, se pelo menos uma dessas pessoas que se doem tanto pelo CFA tivesse lido algum livro dele e pudesse provar onde está escrito algo que eu "copiei", eu me importaria. como isso não acontece, apenas ignoro.
    quanto ao anônimo do L., ele não incomoda, está apenas tentando me dizer uma coisa.
    meus textos estão por aí mesmo, sem créditos e é uma pena. só espero que nenhuma pessoa que gosta de mim ataque essas pessoas que postam chamando de "biscate plagiadora". que os meus fãs tenham classe.

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  16. "Que essa solidão me dói é nítido: vê-se nos olhos caídos que o sorriso não disfarça, a lágrima recorrente que a maquiagem não segura. Percebe-se no meu discurso, essa tentativa falha de expressar com voz o que só sei dizer no papel." Me descreveu totalmente aqui. Chega uma hora que até de solidão a gente se farta...
    Lindo como sempre, parabéns!

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  17. Lindo. Esse me tocou tanto que nem quero mais falar nada...

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  18. Sinto as vezes que o silêncio tem algo melhor a dizer, mas acabo nunca por me conter...
    Escrevo tudo o que o coração quer dizer.

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  19. "a lágrima recorrente que a maquiagem não segura."... Mais feminino do que isto, nem salto alto, batom e purpurina...

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  20. obligado linda pelo o comentario que fizestes sobre o meu...o seu o nosso blog....Estou me esforçando para sempre trazer algo novo....Talvez leve tempo....Mas com sugestões assim tende a melhorar

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  21. O silêncio, em dados momentos, torna-se muito mais expressivo do que a fala.
    Sua bela descrição é uma dessas.
    Beijos!

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  22. Muitas vezes falamos mais com nosso silêncio e deixamos muitas palavras para falar e que muitas vezes não são ditas.
    São poucos os que entendem nosso silêncio.
    Parabéns Verônica

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  23. Você escreve tudo o que não consigo dizer sobre eu mesma!! rs

    Beijos

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  24. Rapá, tô me apaixonando por vc. ahsuash..brinks! Mais uma vez, li o que queria escrever.

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  25. Li um de seus escritos por acaso e desde então não consegui parar de lê-lo. É uma vontade de que o que você escreve continue a ser escrito a cada passo do caminho do livro da vida a qual percorro. É uma leitura apaixonante e é difícil não se identificar em algumas partes. Somos todos como um personagem que saiu de um livro, tentando se encontrar nesse mundo real, tendo de escrever cada linha diariamente esperando que o final surpreendente surja na nossa frente.

    Beijos. E estarei te acompanhando como uma grande apreciadora da sua arte. ^^

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